terça-feira, 26 de outubro de 2010

Lento

No fim da tarde pegou Madame Bovary, abandonado depois de dois capítulos lidos há tanto tempo. Resolveu começar de novo porque recordava estar gostando, sem lembrar do enredo. Algumas coisas são assim: sabemos gostar, mas precisamos renovar o porquê. Lembrou que a capa dura envolta em tecido e as folhas levemente amareladas lhe agradavam. De outros gostos não se lembrará tão facilmente. É possível que tenha novos interesses agora. Desejos frescos de antigas coisas. Sonhos viraram lembranças. Parou de devanear e se permitiu ter vontades existentes. Isso é tudo voltando para o lugar onde nunca se esteve, mas deveria. Ou indo de novo à posição torta. Antes a curva do que a reta. Qual seria a surpresa numa linha contínua?

Glory Box - Portishead 

Não procure ligações além daquelas que fizer.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Dance!

Canned Heat - Jamiroquai


 Essa merece ser lida e depois dançada, é claro.
 *** 

You know this boogie is for real.


I used to buy my faith in worship,
But then my chance to get to Heaven sli-i-pped
I used to worry about the future
But then I threw my caution to the wind.
I had no reason to be care free
No no no, until I took a trip to the other side of town
Yeah yeah yeah, you know I heard that boogie rhythm
Hey- I had no choice but to get down down down down.


Dance, nothing left for me to do but dance,
All these bad times I'm going through just dance
Got canned heat in my heels tonight baby
I feel the thunder see the lightning
I know this anger's heaven sent.
So I've got to hang out all my hang-ups
Because on the boogie I feel so hell bent
It's just an instant gut reaction, that I got
I know I never ever felt like this before,
I dont know what to do
But then that's nothing new,
Stuck between hell and high water
I need a cure to make it through.


Hey- dance, yeah nothing left for me to do but dance
All these bad times I'm going through just dance,
Hey, got canned heat in my heels tonight baby
You I got canned heat in my heels


You know this boogie is for real.


Only the wind can blow the answer
And she cries to me when I'm asleep
She says you know that you can go much faster
I know that peoples' talk can be so cheap
Yeah yeah
I got this voodoo child inveined on me
I'm gonna use my power to ascend
You know I got these running heels to use
Sometimes there's no way to lose
I was born to run
And built to last
You've never seen my feet
cause' they can go so fast


Dance…yeah, hey!
Nothing left for me to do but
Dance
All these bad times I'm going through just
Dance…Hey
Got Canned Heat in my heels tonight, baby
Dance!


Hey DJ
Let the music play
I'm gonna live this party life
Hey DJ
Throw my cares away
I'm gonna live this party life
Hey DJ
Let the music play
I'm gonna live this party life
Hey DJ
Throw my cares away
I'm gonna live this party life


Canned heat in my heels tonight!


You know that this boogie if for real.
Got so much Canned Heat in my heels
Gonna dance, gonna dance my blues away tonight
You know I'm gonna dance my blues away tonight







 ***


Meu mundo está um nó. Acredito no que a dança pode produzir de bom por dentro da gente pra desatar tudo.

Além disso, conheço alguém que ia gostar desse post, embora nunca vá ler...

terça-feira, 12 de outubro de 2010

No meu tempo...

Hoje é dia de celebrar a infância, a melhor fase da vida! Para a minha geração ela foi muito divertida, garanto. Copiei de algum e-mail que recebi (e se você nasceu entre 87 e 91, provavelmente também recebeu em algum momento) e acrescentei o que fui lembrando. 

No meu tempo não existia orkut, facebook ou twitter - então as fotos não eram tiradas com esse destino, serviam para recordar um momento. McDonald's. Aos 11 anos eu brincava de boneca e via 'Cavaleiros do Zodíaco', 'Chiquititas', não queria ser 'Rebelde'. Ouvíamos 'Mamonas Assassinas' e 'É o Tchan' na maior inocência.



Plutão ainda era um planeta! As músicas tinham coreografias, Kinder Ovo era 1 real. As pessoas se conheciam pessoalmente. Maquiagem era coisa de gente grande. Eu tinha bichinho virtual, nem sonhava em ter um celular; não havia emo's! Líamos Gibi da Mônica e comíamos seu chocolate branco e preto.


Declarações de amor eram feitas por cartinhas em vez de scraps. Merthiolate ardia (e como!). A hora do almoço era anunciada por um cachorro francês da TV Colosso. X-BOX? Wii? Mário no Super Nintendo! Subia do Playground, onde passava horas andando de patins, feliz porque era hora do Castelo Rá-Tim-Bum!



Tim-Tim era meu herói. Ah, os Smurfs! Os ursinhos carinhosos. Meu mundo era feito de Lego, e era só puxar uma cordinha que o Baby, da família dinossauro, falava descontroladamente: 'Não é a mamãe, não é a mamãe'. Jogava Tazo no recreio. Passava horas procurando o Wally, ou vendo 'O fantástico mundo de Bobby', ou 'Chaves'.




Foram 'Anos Incríveis', com o perdão do trocadilho:

 

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Um encontro necessário

Na minha fértil imaginação, existe uma dupla que por um infortúnio fora separada pelos limites de um quadrinho. Já disse aqui que a Mafalda é meu ídolo, mas existe outra criança que também me encanta com sua astúcia: Calvin. E eu acho que os dois tinham que ser amigos. Aliás, os três: o Haroldo também tinha que participar desse evento literário!

Uma conversa entre eles, baseada no que vejo no twitter, seria mais ou menos assim:

- @mafaldadequino quando eu crescer vou ser intérprete da ONU e contribuir para o bom entendimento entre os povos
- @frasesdocalvin decidi que quero ser milionário quando crescer.
- @haroldootigre então vocês vão ter que trabalhar muito...
- @mafaldadequino eu vou ter que estudar inglês, russo... e judô, por via das dúvidas. 
- @frasesdocalvin eu não, meu pai. eu só quero herdar!

O Calvin pensa que engana, mas a gente sabe que ele tem um bom coração...



quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Não tem nada a ver, mas às vezes é isso

Eu acoredei pensando em não acordar. Em não acordar e em precisar acordar. Daí peguei o ônibus e encontrei com a Mariana Levenhagen sem querer e meu dia ficou mais feliz. Comecei a pensar nas surpresas que, de vez em quando, são boas. Tinha que desenvolver o roteiro para o nosso (meu, do Guilherme Odri e da Bruna Prado) documentário, mas não tive nenhuma ideia, minha cabeça tinha esvaziado. Só tinha o sono e a alegria por ter encontrado minha querida amiga. Voltei pra casa e um homem resolveu deixar sua pasta bem na minha cara durante boa parte do percurso. Pensei na falta de gentileza das pessoas; aí pensei na falta de comunicação entre as pessoas; aí pensei que eu estou bem mais tolerante com coisas pequenas e continuo pouco comunicativa com pessoas estranhas no transporte público. E estou um tanto quanto repetitiva. Na rua, passei por uma quaresmeira que andava recheada (?) de flores, eu gostava de parar alguns segundos para admirar. E pensei que ela não devia estar pelada (?) agora que a primavera chegou. 
E por todos esses motivos, quis alinhar o texto à direita, espero que não se importem.
E tudo isso com uma música da Bjork na cabeça: 'It's, Oh, So Quiet!' , que eu gosto muito, mas a minha peferida dela é essa (por causa do clipe também, por isso eu coloquei aqui o vídeo):


Fim.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Quero falar sobre plumas

Quero falar sobre plumas. Do travesseiro que uma fada sacode na janela para fazer a neve cair. De coisas leves que nos fazem sentir uma alegria tão vaporosa que se espalha no ar. 
E não estou falando só de tons pastéis (que eu tanto aprecio), mas de cores vivas em spray.
Plumas são conversas com o amigo que a gente encontrou sem querer. São memórias memoráveis, romances românticos! São a forma branda de falar de tudo. São, muitas vezes, o silêncio. Outras tantas o barulho com ritmo, 'a imensidão do som desse momento'. 
Podem ser o que passou pela sua cabeça agora mesmo, por que não? 
Cheiro de perfume, às vezes Dior... ou de flor. São confusões, besteiras voando por aí, sem rumo. São possibilidades de seguir uma trilha.



Sejam o que forem, as minhas são por um motivo: a delicadeza é a melhor resposta.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Não leia. Não fale. Pense.

Depois de eleições cheias de surpresas (pelo menos alguma emoção os Institutos de Pesquisa nos proporcionaram); após a leitura incansável de tantas propostas, muitas reportagens, incontáveis tweets; debates seguidos de debates, chegou ao fim. A primeira parte.
Outro dia li um texto de Rubem Alves sobre o simples ato de escutar. Dizia que não paramos para ouvir e pensar a respeito do que nos dizem. Acho que na forma escrita ou audiovisual, o fenômeno é o mesmo. A quantidade de informação é tão grande que talvez a gente não consiga processar. É possível que tenhamos engolido algumas coisas sem mastigar.
Claro que opções variadas de fontes de notícias são positivas. Porém, filtrar é um exercício que se faz necessário nesse mundo sem lacunas vazias de palavras, sons e imagens.
Independente dos candidatos os quais sustentamos os planos, se vamos ter a oportunidade de ainda apoiá-los, a ideia é simples: até o próximo turno da eleição, pensemos sobre tudo que já temos armazenado dentro da gente antes de investirmos na busca por algo que nos faça, mais uma vez,  fazermos a escolha da melhor maneira e pelo que beneficiará o país. Antes de formarmos (ou reformarmos, ou retomarmos), novamente, nossa opinião.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Recado para antes



Não tenha medo de sair. Aqui fora tem muita coisa ruim, mas são elas que nos deixam fortes para aproveitar o que é bom. Não vou mentir, não depende só de você fazer o melhor acontecer - mas está nas suas mãos conseguir ver alegria nas coisas aparentemente banais. Apesar da cômoda proteção daí de dentro, aqui você vai ter liberdade. Até para escolher se vai continuar sob proteção. Um dos meus principais argumentos é que uma das melhores coisas do mundo é adquirir os nutrientes através da degustação dos alimentos. Ainda melhor é degustar coisas que nada têm de nutritivas. Outra coisa importante: dançar é incrível, poucas ações superam esse prazer.
Aí dentro você pode até ter vida, mas aqui você vai existir. E é bacana esse negócio de ter um nome, um cheiro, um rosto. Aqui está cheio de gente. Você vai fazer amigos, conhecer lugares, vai aprender coisas. E vai rir! Aqui tudo tem uma emoção diferente. Apesar de eu poder enumerar algumas, não vou conseguir explicar o que é ficar triste, amar, sentir saudade. Só sentindo para saber. Depois de tudo isso, não deu uma vontade de alguma coisa que você não sabe o que é? É mais ou menos isso que a gente chama de ansiedade. Só por sentir isso você tem o motivo para querer nascer.Todos os dias.